Uma das afirmações mais preocupantes surgiu durante a fala do secretário do Ministério da Previdência, Leonardo Rolim. Segundo ele, os prejuízos ao Igeprev podem ser bem maiores que os até então relatados. “Para falar a verdade, os investimentos que mais nos preocupam nem são estes já relevados como os que geraram perdas com o Banco BVA. Existe a grande possibilidade de que outros fundos, que receberam muito mais, estejam próximos de revelar prejuízo também.São fundos em que o Tocantins aplicou muitos recursos e nós temos o receio de que tragam um grande prejuízo”, pontuou.
Até o momento, conforme o Ministério da Previdência, o Igeprev teve um prejuízo de R$ 153 milhões, causado pela má gestão dos recursos e aplicações em fundos que foram liquidados pelo Banco Central. A afirmação de que o prejuízo está consolidado foi dita pela primeira vez pelo MPS, durante audiência pública realizada no mês de novembro pela Assembleia Legislativa do Tocantins, em Palmas. A audiência foi iniciativa do deputado estadual Sargento Aragão (PROS).
Todas as informações sobre o rombo e a constatação das irregularidades estão nos relatórios das auditorias específicas de investimentos realizadas pelo MPS e que foram encaminhadas aos Sindicatos tocantinenses, ao Ministério Público Estadual (MPE), Tribunal de Contas do Estado (TCE), Polícia Federal, Ministério Público Federal (MPF) Assembleia Legislativa e Controladoria Geral do Estado (CGE).
Já Otoni Guimarães, também do MPS, em sua exposição, deu ênfase ao que chamou falta de “democratização” nas decisões sobre as aplicações financeiras do Igeprev. “Nesse processo todo das auditorias, foi quando se percebeu que naqueles períodos não havia uma prática de democratização das decisões das aplicações financeiras. A ponto de se ter Atas que demonstravam um conselho de 14 pessoas, em que 05 se reuniam e tomavam as decisões. As decisões eram tomadas de uma forma bastante pessoal. Isso foi despertando insegurança para a gente que estava na análise. Em muitas situações, você não via naquelas atas, qualquer referência sobre o risco das aplicações.”
Otoni também demonstrou preocupação com o fato do Igeprev não possuir equipe especializada para análise de risco de investimentos, o que também consta nos relatórios das auditorias feitas pelo MPS.
Durante sua exposição, a senadora Kátia Abreu perguntou a Otoni se ele conhecia Edson Santana Matos, superintendente de Gestão Administrativa, Financeira e de Investimento e diretor do Departamento de Investimento do Igeprev, no período de 01/01/2011 a 05/08/2013. “Sim, tive contato com o Edson por diversas vezes em reuniões de trabalho, na formatação do Termo de Ajuste de Conduta (TAC). Ele sempre demonstrou propriedade ao falar da estrutura de fontes, de mercado, da atuação que teria junto aos administradores na busca de solução para os investimentos que o Igeprev teria feito. Quanto a competência de se decidir pelas aplicações, isso se diz respeito a forma de organização do Estado. Pela orientação da própria lei do estado, as decisões jamais deveriam ser de cunhos pessoais”, esclareceu.
Os representantes do Ministério da Previdência também informaram que o demonstrativo das aplicações e investimentos dos recursos dos Regimes Próprios de Previdência do Brasil são públicos e estão disponíveis na internet. Para ver, basta acessar o site http://www.mpas.gov.br/.