Igeprev: 10 fundos com prejuízo de R$ 263 mi
Aplicações feitas por Furtado contabilizam perda de R$ 108,9 milhões
Jornal do Tocantins
Aline Sêne - Palmas
13 de maio de 2015 (quarta-feira)
Dos R$ 263,6 milhões do fundo de aposentadoria dos servidores estaduais, apontados pelo Instituto de Gestão Previdenciária do Tocantins (Igeprev) como prejuízos, R$ 108,9 milhões (41,34%) são de aplicações feitas na gestão do advogado Gustavo Furtado nos fundos Vitória Régia, Roma FI RF, FI RF Elo, Diferencial RF e Oboé Clássico. As informações constam em síntese do relatório, que o Jornal do Tocantins teve acesso, que traz o resultado de sindicância instaurada no órgão pela atual gestão do Executivo.
As perdas no Igeprev envolvem dez fundos de investimentos, que integram as aplicações sem liquidez contabilizadas em R$ 2 bilhões. A maioria desses fundos tinha aplicações nos bancos BVA, Rural e Cruzeiro do Sul, que foram liquidados extrajudicialmente pelo Banco Central, e ainda um com investimentos no Grupo Marsans Brasil, empresa ligada ao doleiro Alberto Youssef.
Conforme relatório do governo, Furtado também realizou operações de investimentos nos fundos Adinvest (R$ 11,3 milhões), que também recebeu aporte de outro gestor, Lúcio Mascarenhas, no valor de R$ 11 milhões. O Instituto contabilizou um prejuízo de R$ 3,4 milhões nas aplicações nos fundos Adinvest. Furtado, juntamente com Edson Santana Matos, que presidiu o Igeprev por um período em 2011, aplicou R$ 59,2 milhões no fundo Patriarca Private, com um prejuízo estimado em R$ 56,7 milhões.
Junto com o também ex-presidente do Igeprev Rogério Villas Boas, Furtado investiu R$ 80 milhões no Trendbank, mas a sindicância aponta que prejuízo com esse fundo chega a R$ 81,6 milhões, considerando os rendimentos. Furtado e Villas Boas também investiram R$ 13 milhões no fundo Viaja Brasil, com aplicações em a empresa ligada a Youssef.
O fundo Totem FI RF II, que recebeu aplicação de R$ 4 milhões, feita por Lúcio Mascarenhas, tem um prejuízo de R$ 201 mil, conforme relatório da administração estadual.
CITADOS
Mascarenhas disse ao jornal que não foi ouvido na sindicância do Igeprev e que desconhece o relatório que detalha os investimentos dos ex-gestores. Ele destacou que com base nas informações publicadas ontem pelo JTo, os fundos que ele autorizou o investimento estavam autorizados pela Comissão de Valores Mobiliários e pelo Banco Central.
O ex-presidente do Instituto Francisco Flávio Sales Barbosa retornou ontem as ligações do jornal, mas afirmou que preferiria não comentar o assunto até que conseguisse as informações de forma oficial. Ele frisou que desconhecia a sindicância e não foi chamado em nenhum momento para explicar qualquer aplicação.
O JTo voltou a entrar em contato com o Gustavo Furtado e Rogério Villas Boas, mas as ligações não foram atendidas.
O governo divulgaria, ontem, o resultado da sindicância, mas a divulgação foi adiada, ainda sem nova data prevista.
Conforme informações da Secretaria Estadual da Comunicação, o adiamento da divulgação, por meio de entrevista coletiva, ocorreu por um atraso no voo que o governador Marcelo Miranda (PMDB) estava, de São Paulo a Palmas, o que impediu que ele participasse.