IGEPREV: Governo estima R$ 2 bi em aplicações temerárias

13/05/2015 13/05/2015 16:58 315 visualizações

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Governo estima R$ 2 bi em aplicações temerárias

Relatório de sindicância aponta mais de R$ 260 milhões de prejuízo ao Instituto de gestão previdenciária do Tocantins

 

Jornal do Tocantins

Aline Sêne - Palmas

12 de maio de 2015 (terça-feira)

 

O Instituto de Gestão Previdenciária (Igeprev) do Tocantins aplicou mais de R$ 2 bilhões em fundos sem liquidez ou que geraram prejuízo no período de 2011 a 2014. A informação consta em relatório que traz o resultado de sindicância instaurada no órgão pela atual gestão, que deve ser apresentado hoje, oficialmente, pelo governo do Estado.

 

Do total aplicado, conforme os dados da administração estadual, R$ 263,6 milhões estão registrados como prejuízos ao fundo de aposentadoria dos servidores do Executivo, da Assembleia Legislativa, do Tribunal de Contas do Estado (TCE), do Ministério Público Estadual (MPE), da Defensoria Pública Estadual e do Judiciário.

 

Dados do relatório, cuja síntese o Jornal do Tocantins teve acesso, mostram, entre outras informações, que as aplicações foram feitas por cinco dos oito gestores que passaram pelo Igeprev nos últimos quatro anos. São eles: Edson Santana Matos, Gustavo Furtado, Lúcio Mascarenhas, Rogério Villas Boas e Francisco Flávio Sales Barbosa. Mascarenhas assumiu por dois períodos.

 

O relatório também aponta que o fundo do Igeprev no primeiro bimestre deste ano era de R$ 3,4 bilhões.

 

DIRETOR

Conforme os dados, Matos fez uma aplicação em fundos irregulares - 10,5 milhões no Patriarca Private Equity FIP, no dia 14 de março de 2011. Contudo, Matos foi o diretor de Investimentos do Igeprev nas gestões de Furtado, Mascarenhas e Villas Boas sendo, assim, o responsável por avaliar as propostas de investimentos.

 

MAIOR VOLUME

Furtado contabilizou o maior volume de dinheiro em aplicações temerárias: R$ 945,9 milhões. Deste total, R$ 158 milhões foram destinados ao fundo FI Sena 2, que recebeu três aplicações: R$ 30,6 milhões em 26 de janeiro de 2012, R$ 30,4 milhões em 31 de janeiro de 2012 e R$ 48 milhões em 14 de fevereiro de 2012. Conforme o relatório do governo, Furtado fez aplicações entre os meses de junho de 2011 a julho de 2012.

 

PORCÃO

Mascarenhas, que também foi secretário estadual da Administração, foi presidente do Igeprev e do Conselho de Administração do Instituto. A principal aplicação do ex-gestor foi no Fundo Onix Renda Fixa, maior investidor do Grupo Porcão, com duas operações: R$ 108,4 milhões, feita no dia 3 de agosto de 2012; e R$ 156,7 milhões, no dia 9 de agosto de 2012.

 

O relatório detalha que as operações em fundos temerários, feitas por Mascarenhas, foram realizadas de agosto a dezembro de 2012 e também quando assumiu novamente a presidência do Igeprev, em novembro de 2014.

 

MIQUEIAS

Já sobre Villas Boas, a sindicância aponta investimentos feitos no período de fevereiro a setembro de 2013. Ele deixou o Igeprev após ser citado na operação Miqueias, da Polícia Federal, com objetivo de desmantelar um esquema de fraude em fundos previdenciários.

 

A maior operação feita por Villas Boas, conforme planilhas do governo, foi no fundo FI Multimercado FP1 LP, no valor de R$ 383,2 milhões, com a incorporação das aplicações dos fundos FI Roma, FIP NSG Varejo, FI Onix. O FI Multimercado já havia recebido um aporte de R$ 119,5 milhões na gestão do Gustavo.

 

HOTEL

Já Francisco Flávio, que assumiu a gestão do Instituto após as denúncias da Polícia Federal de envolvimento de ex-gestores com o doleiro Fayed Traboulsi, apontado como líder em um esquema de fraude de fundos previdenciários, fez apenas três aplicações, sendo duas de R$ 35 milhões, nos fundos Infra Saneamento FIP e LSH FIP. Neste último o montante foi aplicado no Hotel Trump Rio, localizado no Rio de Janeiro.

 

Aplicações

Lúcio nega irregularidade na gestão

 

Aline Sêne - Palmas

12 de maio de 2015 (terça-feira)

 

Apenas o ex-secretário Lúcio Mascarenhas conversou com o Jornal do Tocantins sobre o resultado da sindicância realizada pelo governo do Estado no Instituto de Gestão Previdenciária (Igeprev) do Tocantins.

 

Mascarenhas preferiu não comentar as informações sob o argumento de que precisaria ter acesso ao conteúdo para tomar conhecimento e, então, falar sobre o assunto. Porém, o ex-gestor frisou que na sua gestão no Igeprev não cometeu nenhuma irregularidade e ressaltou que as aplicações eram feitas conforme definição do diretor de Investimentos do Igeprev, que era Edson Santana Matos. Gustavo Furtado não foi encontrado no seu escritório em Brasília, que informou na última sexta-feira que ele estava viajando. Ontem, as ligações feitas para o seu celular não foram atendidas. Francisco Flávio Sales Barbosa também não atendeu às ligações.

 

Em relação aos ex-gestores Villas Boas e Edson Matos, o JTo não conseguiu contatá-los.